A saúde mental entre adolescentes é um desafio crescente

A saúde mental entre adolescentes é um desafio crescente

Comportamento 19/08/2022

A adolescência é um momento para que os jovens tenham um início de vida saudável. Construir laços fortes e conectar-se com os jovens pode proteger sua saúde mental. As escolas e os pais podem criar essas relações de proteção com os alunos e ajudá-los a se tornarem adultos saudáveis.

Dados que importam

O número de adolescentes que relatam problemas de saúde mental está aumentando. A pesquisa “Violência Autoprovocada na Infância e na Adolescência” feita pela Fiocruz identificou 15,7 mil notificações de atendimento ao comportamento suicida entre jovens e adolescentes nos serviços de saúde no período de 2011 a 2014. O perfil que mais se destacou foi do sexo feminino, de 15 a 19 anos.

Outro dado alarmante é o do boletim epidemiológico nº 33, publicado pelo Ministério da Saúde: entre 2010 e 2019, tivemos o dobro do número de suicídios entre jovens no Brasil. O relatório destaca que passamos de 606 óbitos com uma taxa de 3,5 mortes por 100 mil habitantes; para 1.022 óbitos e taxa de 6,4 suicídios para cada 100 mil adolescentes.

Precisamos falar mais sobre isso

A má saúde mental na adolescência é mais do que se sentir triste. Pode afetar muitas áreas da vida de um adolescente. Jovens com problemas de saúde mental podem ter dificuldades com os estudos e as notas, a tomada de decisões e sua saúde.

É importante dar visibilidade às questões da saúde mental nesta fase tão desafiante em que acontecem mudanças profundas, de transições biopsicossociais de extrema importância para a vida adulta. É um momento de mudanças corporais, de afirmação, de descoberta do seu lugar no mundo. 

Precisamos cuidar da saúde mental dessa “garotada”, mas além disso, precisamos ficar atentos, sem estigmatizar, evitar atitudes preconceituosas, porque também é muito difícil para eles reconhecerem que estão vivendo um quadro depressivo, já que se tornam mais introspectivos. É uma fase naturalmente de muito sofrimento.

A boa notícia

A boa notícia é que os jovens e adolescentes são resilientes e sabemos o que funciona para apoiar sua saúde mental: sentir-se conectado à escola e à família. Felizmente, as mesmas estratégias de prevenção que promovem a saúde mental, como ajudar os alunos a se sentirem conectados, ajudam a prevenir uma série de outras experiências negativas.

Construir fortes laços e relacionamentos com adultos e amigos na escola, em casa e na comunidade proporciona aos jovens uma sensação de conexão. Esse sentimento de conexão é importante e pode proteger os adolescentes de problemas de saúde mental e outros riscos, como uso de drogas e violência. Os jovens precisam saber que alguém se preocupa com eles. As conexões podem ser feitas virtualmente ou pessoalmente.

O que os pais e as famílias podem fazer

Comunicar-se aberta e honestamente, inclusive sobre seus valores.

Supervisionar o adolescente para facilitar a tomada de decisões saudáveis.

Passar algum tempo com o adolescente desfrutando de atividades compartilhadas.

Envolver-se nas atividades escolares e ajudar nos trabalhos de casa.

Ser voluntário na escola ou curso do jovem e adolescente.

Comunicar-se regularmente com professores e administradores.

O que as instituições de ensino podem fazer

É fundamental para o bem-estar dos alunos que os cursos, escolas e pré-vestibulares ofereçam ambientes seguros e de apoio, seja pessoalmente ou virtualmente:

Conectando estudantes a serviços de saúde mental.

Integrando a aprendizagem socioemocional.

Treinando os funcionários.

Apoiando a saúde mental da equipe.

Revendo as políticas de disciplina para garantir a equidade.

Construindo ambientes seguros e de apoio.

Por fim, há um papel para todos no apoio à saúde mental de jovens e adolescentes. É necessário reduzirmos os resultados negativos e diminuirmos as disparidades educacionais e de saúde. Porém, não é possível as instituições de ensino darem conta de tudo. Esse trabalho precisa ser feito em conjunto entre famílias, serviços de assistência à saúde e ambientes escolares.

É importante que o jovem ou adolescente tenha onde se vincular, que não esteja sozinho nessa batalha da promoção da saúde mental. É um começo se promovermos espaços de escuta e rodas de conversa onde, muitas vezes, o jovem pode falar sobre suas questões emocionais.

É imprescindível incentivarmos os professores, as famílias, os jovens e adolescentes a entenderem como a questão da saúde mental está presente nas nossas vidas e como é essencial abrirmos as portas para incluir pessoas isoladas e “excluídas”. Esse é o melhor caminho.